terça-feira, 9 de março de 2010

UMA ADOLESCENTE CURADA

Uma adolescente curada
“Saíram tropas da Síria e levaram cativa uma menina, que ficou ao serviço da mulher de Naamã. Disse ela à sua senhora: ‘Tomara o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria de sua lepra’.” (2Rs 5.2-3).

A Síria era nação vizinha, inimiga de Israel e travou várias batalhas contra o povo de Deus. Em uma dessas investidas, o comandante das tropas sírias, o general Naamã, derrotou Israel e levou vários prisioneiros de guerra. Entre esses prisioneiros encontravam-se jovens, crianças e adolescentes que serviriam ao trabalho escravo para o povo vencedor.

Os guerreiros mais valorosos podiam escolher seu despojo da guerra: objetos valiosos, prata ou ouro, roupas, gado e escravos. Grande parcela era separada para o rei e, quando o despojo era muito grande, ainda sobravam prisioneiros para serem vendidos nos mercados.

A marcha triunfal dos guerreiros vitoriosos era sempre festiva para seu povo, assim como a marcha vexatória dos vencidos, desnudos, às vezes famintos e humilhados era carregada de lágrimas, revolta e ódio.

Entre os prisioneiros de Israel encontrava-se uma menina. A Bíblia não nos diz o seu nome, nem o nome de sua tribo ou família. Isso tinha pouca importância em terra estrangeira e na condição humilhante de escrava. Não sabemos se seus pais morreram no combate. Se ela procurou esconder-se e foi apanhada. Se sua cidade foi queimada a fogo e todos foram mortos ao fio da espada. Se ela presenciou a morte de alguns familiares. Se a guerra deixara marcas indeléveis em sua mente, ou profundo pesar em seu coração. Se ela foi bem cuidada no caminho para Damasco ou se sofrera maus tratos, fome, sede e humilhação.

Não temos notícia de que fosse feia ou bonita. Se sabia ler e escrever ou se era inculta. Não sabemos exatamente sua idade, mas pela palavra “menina”, podemos imaginar que fosse uma adolescente, quem sabe, com seus 12 a 14 anos. Ela ficou a serviço da esposa do general Naamã.

A Bíblia nos fala que “Naamã, comandante do exército do rei da Síria, era grande homem diante de seu senhor e de muito conceito; porque por ele o Senhor dera vitória à Síria; era ele herói de guerra, porém leproso” (2Rs 5.1). Toda a glória de Naamã se desfazia devido a sua enfermidade. Provavelmente a menina hebréia participava da tristeza de sua senhora com a doença do marido. Sua fama não lhe trazia alegria, pois a lepra lhe consumia o corpo e o colocava fora da comunhão do lar.

Aquela menina poderia pensar: “Bem-feito para Naamã! Ele lutou contra o povo de Deus, agora que fique doente e morra de lepra!”. Mas temos aqui uma adolescente com um coração curado e cheio de compaixão pelos perdidos. Ela era uma menina sem amargura, apesar de ter perdido sua família, sua liberdade, sua cultura, sua língua, sua comida, seus costumes, suas festas etc. Quantas vezes, ao se perder bem menos que essa menina você se encoleriza, chora de amargura e se sente a mais infeliz criatura? A vida continua sorrindo para nós, apesar das perdas... É preciso viver e levar alegria para os outros, sem se colocar no primeiro lugar. Amar e ter compaixão nos leva a andar acima das nuvens de tempestade e divisar o céu sempre azul lá de cima.

Experimente deixar seu “mundo pequeno” e entrar no mundo dos outros, para ajudá-los a encontrar o caminho da vida.

A única solução para a amargura é o perdão. Manter feridas abertas é tolice e sofrimento certo. A cura por meio do perdão é real e segura. Perdoar é uma escolha. A amargura impede a bênção e o fluir da unção do Senhor por meio de nós.

A menina escrava era cheia de fé em seu Deus. Ela sabia o caminho da cura e da alegria para seus patrões. O caminho era o conhecimento do verdadeiro Deus, do Senhor de Israel. Ela não encobriria essa verdade a eles. Ela compartilhou sua fé. Você tem compartilhado sua fé com outras pessoas? Com seus vizinhos, amigos, parentes? Ou você fica envolvida com seu pequeno mundo, querendo atenção só para si?

Aquela menina era cheia de amor e compaixão. Ter compaixão é “andar junto com o outro, no mesmo passo”. Isto significa que ela sentia a dor de sua senhora e de seu patrão com a lepra incurável. Em Israel não se tocava no leproso, quem sabe, lá na Síria, ela tivesse de trocar curativos de Naamã? E seu coração doía com as feridas expostas no corpo dele.

Ela estava curada, por dentro e por fora, e ele estava doente. A compaixão nos leva a agir em favor do próximo.

Nossa pequena adolescente era generosa. Ela tinha o conhecimento da bondade de Deus e de seus feitos poderosos por intermédio de seus profetas. Ela não poderia ficar com esse conhecimento somente para si. Ela doou aos seus senhores o que tinha de mais precioso: o conhecimento de Deus. A semente da fé. O testemunho do poder do Deus de Israel. Ela não foi exclusivista como Jonas, que não queria compartilhar sua fé com o povo inimigo de Nínive, mas ela repartiu generosamente seu “pão”.

Ela também foi uma missionária do Velho Testamento. Seu nome não aparece, mas seu testemunho, sua pregação e a influência de sua personalidade na vida de seus ricos senhores trouxe a glorificação do nome de Jahveh na nação da Síria, naquela geração, aleluia!

Naamã viajou até Samaria levando uma carta do rei da Síria para o rei de Israel, pedindo-lhe a cura de seu general. Ele foi conduzido a Eliseu e este orientou que se lavasse sete vezes no rio Jordão. Depois de relutar, ele obedeceu. E foi curado. E voltou à Síria curado no corpo e salvo no espírito. Voltou como um servo e adorador do Deus de Israel. Aquela pequena escrava ganhara o coração de seus senhores para o reino de Deus ao olhar para cima e saber que o seu Deus estava no controle de sua vida. E também ao olhar para o próximo e saber que Deus tinha um plano para abençoá-los e dar-lhes a vida eterna. Ela ganhou uma família, quando deixou de olhar feridas de guerra e resolveu perdoar e amar. Que tal você fazer o mesmo? Experimente perdoar e amar, você só tem a ganhar aqui e no mundo porvir.

Para refletir:
Como você agiria, estando no lugar da menina escrava?
Você já experimentou grandes perdas na vida? Como você reagiu?
Você já experimentou perdoar a grandes ofensores? Como se sentiu?
Você tem alguém para perdoar em seu coração? Quem? Já orou sobre isso?
Você se magoa se as pessoas não fazem a sua vontade? Que tal deixar Cristo tomar o primeiro lugar em seu coração?
Você tem evangelizado as pessoas que ainda não conhecem a Jesus e convivem com você?
O que você gostaria de mudar em seu caráter?

Leia e medite nos textos:
Mt 28.19-20; At 1.8; 2.41-47; 1Pe 3.15-16; Jo 1.40-42.

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